sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OS VELHOS BANCOS JÁ LÁ NÃO ESTÃO...

















No início dos anos setenta (acabava o meu sétimo no Sá de Miranda) pela Avenida Central de Braga deambulavam o Puga e o Salsa, dois sem-abrigo, que nos deliciavam com as suas peripécias. Dormiam nos bancos da avenida. Uma noite, o infortúnio bateu à porta do Puga que viu seu espaço ocupado.



Os velhos bancos já lá não estão…

Recordo-te, Puga , indignado
Vociferando ao polícia
Pelo teu espaço violado…


O “Salsa” já com “os copos”
Trocou seu banco de frente
Invadindo-te os aposentos
Mesmo que inconsciente…


Chamaste pelo polícia
Ao ver tão grande desplante…
É que naquele instante
Se não lutasses p’lo que é teu
Vias uma parte do céu
Ficar-te bem mais distante…


Já resolvida a contenda
Da troca de alojamentos
Não houve ressentimentos
E a noite desceu serena…


Reocupaste teu espaço.
Efectuou-se a mudança…
Deu-se o seu a seu dono
e nem a fome e o sono
trouxe à noite mais esperança…


Naquela longa avenida,
Já lá não “moram” tais bancos!...
Mas como eu sei,  Puga e Salsa!...
Apesar de adversários
Fizestes deles palácios…
Fostes seus “proprietários”!...

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